Os nomes das ruas lembram heróis, fatos importantes e até pouco
conhecidos desta época.
Na coluna Histórias do Rio, Márcio Gomes visitou a estátua de um
personagem esquecido e conta algumas aventuras de grandes soldados.
Que Ipanema é o bairro mais charmoso, elegante e chique do Rio, poucos
duvidam. Mas o que muita gente não sabe é que Ipanema guarda em muitas
ruas informações importantes sobre a nossa independência.
Nas placas das esquinas e, claro, na estátua nada discreta que fica
na movimentada Visconde de Pirajá com Garcia Dávila.
"Não entendo o que a estátua representa. Tem um trompete, tem um chapéu,
não sei.", comenta uma moradora.
Para ajudar a esclarecer esses mistérios, O RJTV convocou o professor
Mário Morel, da Uerj. Que já começa desfazendo um equívoco histórico.
Nós aprendemos na escola que foi no dia 7 de setembro que nos tornamos
independentes de Portugal, mas os historiadores dizem que não foi bem assim.
É verdade, não foi bem assim, eu diria até que não foi assim.
O 7 de setembro foi uma data simbólica, que posteriormente se transformou
na data da independência, muitos anos depois. Na época, foi apenas um
gesto pessoal do príncipe Pedro, que era um príncipe português que
resolveu, por iniciativa própria aderir à independência, diz o professor.
Para que realmente nos separássemos de Portugal, o Brasil teve que ir
à guerra. A partir de 1822, em diversos estados, cerca de 30 mil homens
se enfrentaram nas batalhas pela independência. Algumas das mais duras
foram na Bahia e foi de lá que surgiram os personagens que deram nome a
várias ruas de Ipanema. Por exemplo, Visconde de Pirajá, Barão da Torre
e Barão de Jaguaribe. Eles eram rmãos.
"Eram grandes proprietários rurais, grandes senhores de escravos e de
terras, verdadeiros donos da Bahia na época. Eles mobilizaram todo um
contingente que estava sobre a ordem dele, de escravos, de índios,
de trabalhadores rurais e familiares e formaram um exército que decidiu
a favor do Brasil na guerra contra os portugueses", conta Mário Morel.
As mulheres também participaram dessa luta e muitas vezes de forma heróica.
Veja o caso de Maria Quitéria. Ela não pensou duas vezes antes de se vestir
de homem e lutar como um soldado nas trincheiras pela independência do
Brasil.
Ela foi descoberta, mas teve seu esforço reconhecido, condecorada pelo
próprio imperador. Um destino bem diferente do homem eternizado na estátua.
A posição é de quem vai atirar, mas ele segura uma corneta. Luís Lopes
era o corneteiro das tropas. Conta a história que, ao receber uma ordem
para chamar os soldados de volta, ele a descumpriu, dando o toque de
ataque. E o Brasil venceu.
"Houve esse episódio, mas não se sabe o que o motivou a fazer isso.
O que se sabe é que esse corneteiro, Luís Lopes, pediu o reconhecimento,
uma pensão, por atos de bravura. Não conseguiu e morreu como mendigo
nas ruas da Bahia", conta o professor.
Longe da Bahia, só no Rio ele ganhou reconhecimento nas ruas de Ipanema.
Ipanema ainda tem outras ruas com nomes dedicados a personagens da
independência. Entre elas, Joana Angélica, religiosa que morreu para
evitar que as tropas portuguesas invadissem um convento.
FONTE: Histórias do Rio -Site RJTV- REDE GLOBO
PESQUISA ELABORADA POR: Neyla Bontempo