Não basta um olhar curioso para descobrir recantos do Rio desconhecidos de grande parte dos cariocas. Saber a história de cada lugar também ajuda a conhecer a Cidade Maravilhosa. Todos os sábados, a coluna Histórias do Rio vai mostrar construções e monumentos que passam despercebidos entre tantos cartões-postais. Na primeira reportagem, Márcio Gomes mostra o Largo do Boticário, no Cosme Velho.



Quem passa apressado pela Rua Cosme Velho, indo ou vindo do Túnel Rebouças, mal olha para o lado. Dentro de uma esquina, deixando a cidade grande para trás, fica um beco sem saída.

É certo que muita gente já ouviu falar do Largo do Boticário, mas poucos conhecem a história do lugar. Antigamente, no começo do século 19, todo o bairro do Cosme Velho era formado por uma chácara. Em 1831, um militar reformado foi morar nos fundos dessa chácara, o sargento Joaquim José da Silva Souto. Ele tinha um talento todo especial para preparar remédios e xaropes. Era um boticário. A partir de então, a população do Rio passou a chamar o lugar de Largo do Boticário.

Oito casas cercam o largo. As construções foram mudando com os anos, passaram por reformas, mas continuam sendo um bom exemplo de como era a vida quando o Rio ainda não era a cidade agitada de hoje.

No fim da década de 60, a tranqüilidade do largo era notícia. Ainda hoje, nada atrapalha a paz do lugar. O silêncio só é quebrado pelas águas do Rio Carioca, que passa bem ao lado do Largo do Boticário. De uma mureta, ainda é possível ver as escadinhas que o povo usava para chegar até o rio e se banhar nas águas ditas medicinais.

Quem mora ali não sai por nada, mesmo que o largo precise de alguns cuidados.

"Uma das coisas pelas quais reclamamos é a poda das árvores. Quando dá uma ventania, os galhos batem e quebram as telhas", diz um morador.

Apesar disso, nada consegue estragar esse belo canto do Rio.

"É uma volta ao passado. É muito bonito", ressalta uma moradora.