Biblioteca Nacional reabre nesta segunda-feira após quatro anos fechada

A Biblioteca Nacional, cartão postal do Rio e uma das maiores do mundo, está com todo seu esplendor de volta, após 4 anos de reformas



O Ministério da Cultura (MinC) investiu R$ 10,7 milhões do Fundo Nacional de Cultura na mais abrangente obra de restauração desde a construção do prédio, há 108 anos, que será entregue oficialmente no dia 18 de junho, em uma cerimônia às 18h no saguão da Biblioteca, com um concerto da Orquestra Petrobras Sinfônica (OPES) e projeção de vídeo com os “tesouros” do acervo de 10 milhões de itens da BN.

Realizada pela empresa Concrejato, a obra contou com verba do Fundo Nacional de Cultura, por meio do PAC Cidades Históricas, e foi fiscalizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).



“Empenhamos todos os nossos esforços para concluir esta reforma e estamos muito felizes em contemplar o resultado, que ficou belíssimo.
Além do brilho arquitetônico e do valor histórico e turístico do edifício, a instituição é responsável pelo patrimônio bibliográfico e documental nacional.
Todos os anos, milhares de visitantes e estudiosos se beneficiam da riqueza deste acervo”, disse o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.

O restauro, que começou em dezembro de 2016, foi feito sem a interrupção do funcionamento da Biblioteca Nacional. “Houve um esforço de todos os servidores, operários e frequentadores para que a obra acontecesse concomitante ao funcionamento da instituição”, explica a presidente da BN, Helena Severo.



O trabalho e a presença de 120 operários – que fizeram visitas guiadas para compreenderem o valor histórico e estético do prédio – foram incorporados à rotina dos 319 funcionários e milhares de visitantes.
A Biblioteca Nacional é a sétima maior biblioteca do mundo e a maior da América Latina. Mensalmente, o acervo é acrescido de 2 mil volumes de obras gerais e em torno de 5 mil fascículos de publicações seriadas, o que anualmente gira em torno de 24 mil volumes de livros e 60 mil fascículos de periódicos.

Tem a missão de coletar, registrar, salvaguardar e dar acesso à produção intelectual brasileira, assegurando o intercâmbio com instituições nacionais e internacionais e a preservação da memória bibliográfica e documental do país.
A BN recebeu quase 100 mil visitantes em 2017, uma média de 5 mil por mês. Em 2018, de janeiro a maio, o total de visitantes chega a 24.502. Além disso, atende anualmente em torno de 14 mil pesquisadores de forma presencial e 4,5 mil à distância.
O acervo da Biblioteca pode ser acessado também à distância, através da BN Digital, que já tem quase 2 milhões de documentos dos mais variados.



A fachada estava em processo de deterioração muito preocupante.
“Utilizamos um material técnico de excelência em termos de restauro”, relata o arquiteto da Biblioteca Nacional responsável técnico pela obra, Luiz Antonio Lopes de Souza.

Construída entre 1905 e 1910, em estrutura metálica de cinco andares, com projeto de Francisco Marcelino de Souza Aguiar, representou um marco tecnológico para a época. Com arquitetura típica do ecletismo do final do século XIX, a fachada mistura vários estilos históricos.

Pela primeira vez, todas as 285 janelas foram criteriosamente restauradas, incluindo as partes de madeira e ferragens originais, depois de um estudo profundo, com levantamento de danos, trincas e vidros quebrados.
O mesmo foi feito com os vidros com monogramas contendo as iniciais da Biblioteca Nacional. A aplicação de filtros UV vai contribuir para a proteção do acervo contra o excesso de luminosidade, deixando o ambiente interno mais confortável.

Um estudo cromático revelou a cor original, amarelada (ocre claro), reproduzida com uma pintura à base de pigmento mineral.
Esse cuidadoso trabalho de restauração inclui também todos os elementos decorativos feitos em argamassa.
O cobre da cúpula foi restaurado. A ferrugem foi removida e os elementos de cobre perdidos foram reintegrados ao conjunto.
A cobertura do prédio é de telhas francesas, com quatro claraboias de vidro, uma delas sobre a cúpula de cobre, que iluminam os vãos internos. Para restaurar o cobre da cúpula, a ferrugem foi removida com o cuidado de manter a pátina original, que protege a superfície da ação do tempo.

Durante o processo de restauração, os operários descobriram que as três principais portas de acesso ao imóvel, pintadas de preto, eram, na verdade, de bronze, fabricadas na Inglaterra, com projeto original de Francisco Marcelino de Souza Aguiar. As portas foram restauradas.