Riotur divulga calendário dos 456 blocos do carnaval de rua do Rio

Presidente Vargas e Antonio Carlos terão desfiles que saíam na Rio Branco.
Zona Sul concentra maior parte da festa, com 141 blocos oficiais.



Cordão da Bola Preta vai desfilar na Avenida Antonio Carlos (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)

A Riotur divulgou nesta quarta-feira (14) o calendário completo dos 456 blocos autorizados a desfilar nas ruas da cidade. A partir deste sábado até o dia 22 de fevereiro, terão 141 blocos na Zona Sul, 94 no Centro, 78 na Zona Norte, 58 na Tijuca, 36 na Barra/Jacarepaguá, 27 na Ilha do Governador e 22 na Zona Oeste.

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Apesar de liderar a lista, a Zona Sul tem sete blocos a menos – eram 148 em 2013. O primeiro a desfilar é o Eles que Digam, no Santo Cristo, neste sábado, às 16h, saindo da Travessa São Diogo. Os últimos saem no domingo seguinte aos quatro dias oficiais de carnaval.

Outra novidade é a localização de alguns grandes blocos, como o Bloco da Preta e do Monobloco, que com o fechamento da Avenida Rio Branco vão desfilar na Avenida Presidente Vargas. Em um primeiro momento, foi anunciado que ambos seriam alocados na Avenida Presidente Antonio Carlos, onde ficará o palco do Cordão da Bola Preta.

O carnaval de rua deste ano tem uma nova marca, símbolo das comemorações dos 450 anos da cidade. O número de posições de banheiro foi ampliado para 24.525 posições disponíveis. Em 2009, eram apenas 900. Também subiu de cinco para sete mil o número de vendedores ambulantes credenciados para atender aos foliões no comércio de bebidas.


Fonte: Do G1 Rio 14/01/2015 19h47 - Atualizado em 14/01/2015 22h49



Obra do VLT na Rio Branco 'desaloja' um
dos desfiles mais tradicionais do Rio

Tratores tomarão o lugar dos carros de som que
tradicionalmente conduzem multidões pela via durante a folia

Rio - Nas paredes da sede do Cordão da Bola Preta, fotos em preto e branco remontam a um Rio antigo que, apesar das mudanças, há quase 100 anos celebra o sábado de carnaval no mesmo lugar: a Avenida Rio Branco. Este ano, porém, os tratores da obra do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que ligará Centro e Região Portuária, tomarão o lugar dos carros de som que tradicionalmente conduzem multidões pela via durante o carnaval.

Segundo a Riotur, os desfiles devem ser transferidos para a Avenida Presidente Antonio Carlos e Rua Primeiro de Março, mas não há ainda decisão final. O anúncio oficial está previsto para o início de dezembro, após a prefeitura chegar a acordo com os maiores blocos que desfilam na avenida: Cordão da Bola Preta, Monobloco, Bloco da Preta e Cacique de Ramos, entre outros.

Ao atender o telefonema do DIA , o tom de voz do Presidente do Bola Preta, Pedro Ernesto, muda ao saber da notícia. “Mas já confirmaram?”, indagou. Sem esconder a tristeza, falou como se já sentisse saudade da tradicional passarela, onde o bloco desfila desde 1918 e, segundo ele, poderia se chamar Avenida Carnaval. “Vi o carnaval ser gigante na Rio Branco, passar por uma letargia e depois voltar a ser uma grande festa. “É uma tristeza para os foliões que passaram lá tantos carnavais. É muito mais que um centro financeiro”.

Mas apesar de a famosa marchinha dizer “quem não chora não mama”, não há tempo para reclamação. “Vamos manter a alegria seja onde acontecer. Em conjunto, a gente toma essa decisão com calma e ficamos felizes em fazer parte desse desenvolvimento para a cidade”, disse Pedro Ernesto.

Para Jorge Sapia, vice-presidente da Associação Sebastiana, que representa blocos carnavalescos de rua do Centro e Zona Sul, a mudança é uma chance da prefeitura investir nos desfiles. “É interessante que a prefeitura aproveite a transferência para olhar com mais carinho os blocos que ali desfilam, que nos últimos anos não têm tido tanto apoio”, disse. “É uma pena que essa obra não tenha sido pensada para ser feita de uma forma que não atrapalhasse essa manifestação tão tradicional. É complicado achar outra via que segure esse volume de gente”.

A direção do Monobloco preferiu comentar só quando a mudança for anunciada oficialmente, já o presidente do “Cacique” não foi encontrado. Em 2014, segundo a Riotur, o Cordão da Bola Preta mobilizou 1,3 milhão de pessoas. Entre elas, estava a aposentada Lourdes Souza, 62. Moradora do Centro, este ano ela vai ver o carnaval pela janela dos fundos. “Vou desde criança. Lá consigo enxergar aquele velho carnaval. Mas, se for para melhorar a cidade, a gente faz a festa em outro lugar. Que escolham com carinho”.

Vinte julgadores, metade do total, serão substituídos no Carnaval 2015

Não é só nas ruas que o próximo Carnaval será diferente. Após reunião na sede da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa), ficou decidido que o quesito Conjunto não será mais julgado entre as escolas que desfilarão na Marquês de Sapucaí em 2015. A outra mudança será no corpo de jurados: 20 julgadores serão substituídos, o que representa metade do total.

De acordo com a Liesa, a decisão tomada esta semana já vinha sendo uma forte demanda das agremiações nos últimos anos. Os representantes das escolas passaram a cobrar a alteração com mais veemência após o último Carnaval, quando alguns consideraram as notas injustas. Presidente da Unidos da Tijuca,Fernando Horta foi o único dirigente que votou pela continuidade do quesito.

Considerado o superquesito, o Conjunto avalia todas as característica das escolas de samba de forma englobada. Com a mudança, em 2015 o julgamento passa a ter nove quesitos o que acarreta na diminuição do número de jurados. Em outros carnavais, como o de São Paulo, o Conjunto, não é avaliado.

De acordo com o presidente da Liesa, Jorge Castanheira, a alteração trará benefícios ao Carnaval de 2015. “O julgamento do conjunto é muito subjetivo, já que o julgador tem que avaliar um pouco de cada um dos quesitos. Ele analisa superficialmente sem se aprofundar em nenhum”, afirmou. Ainda segundo Castanheira, a mudança deixará os desfiles mais dinâmicos e competitivos.

Ex-presidente e atual conselheiro da Beija-Flor de Nilópolis, Nelsinho da Beija-Flor elogiou a mudança e criticou o antigo corpo de jurados. “Alguns não tem capacitação, o cara é médico e ‘tá’ julgando o samba. Ano passado teve escola sem fantasia que ganhou mais pontos que a gente. Ficou engasgado. Recebemos a notícia com alegria”, afirmou o conselheiro.

Mudança não agrada a todos

Apesar de ter agradado a maioria, há quem discorde da extinção do quesito Conjunto. “Você pode fazer uma obra rica em detalhes mas que não está combinando. Se a escola abre um buraco, como isso será julgado?”, indagou Fernandinho Horta, presidente da Unidos da Tijuca. “Nos anos 90 também tiraram o quesito e não deu certo, voltou dois anos depois”, disse.

Já o carnavalesco do Salgueiro, Renato Lage, disse que a mudança vai facilitar o seu trabalho. “Sempre tive dúvida quanto a esse quesito, era uma faca de dois gumes. Mas é uma gordura que saiu para mim. Não havia necessidade de englobar tudo em uma nota só”.



Fonte:
O DIA - Reportagem de Lucas Gayoso