A Cascatinha do Taunay ganhou esse nome graças ao pintor francês Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Francesa, trazida ao Brasil por Dom João VI em 1816, que decidiu ali construir, no ano seguinte, sua residência.

A casa que Taunay levantou, na área do atual estacionamento da Cascatinha, era inicialmente uma tosca cabana de pau-a-pique, que depois evoluiu para uma vivenda mais luxuosa.
Na Cascatinha, onde viveu com a mulher Adrienne Aimée ce os filhos Auguste Marie, Hippolite, Felix Emile e Adrianne, o artista francês iniciou uma plantação de café.

Quando, em 1821, Taunay decidiu voltar para a França com a esposa e a filha Adrianne, deixou a fazenda sob a responsabilidade de Auguste Marie. Três anos depois, com o falecimento de Auguste, o Sítio da Cascatinha passaria para as mãos de Felix Emile.

A ligação deste com a Floresta foi por toda a vida muito forte, tanto fisicamente, porque ali viveu e trabalhou, quanto familiar e afetivamente, tendo desposado a irmã do Barão d'Escragnolle, segundo administrador da tijuca.

Em 1860, Felix Emile foi contratado para abrir novo trecho inicial da estrada ligando o Alto da Boa Vista à Floresta da Tijuca.
Assim, o traçado que hoje liga a Praça Afonso Vizeu à Cascatinha ainda é o que foi executado por Taunay.
O trajeto antigo continua existindo. Parte dele ainda pode ser percorrido, saindo dos fundos do estacionamento da Cascatinha e indo dar na atual estrada, já bem próximo ao portão de entrada do Parque.

Felix Emile, um dos fundadores da Academia de Belas Artes, da qual foi o primeiro Diretor além de professor de Dom Pedro II, administrou a propriedade da família até 1868, ano no qual a Cascatinha foi finalmente desapropriada pela Fazenda Imperial.
Hoje nada mais existe do que foi um dia a propriedade dos Taunay, tendo sido a sede da fazenda da Cascatinha demolida no princípio do século XX.

No tempo em que Nicolas Antoine escolheu viver na Cascatinha havia, perto das Furnas de Agassiz no Rio Cachoeira que na época era bem mais caudaloso, uma grande queda d'água, conhecida por Cascata Grande. Daí o diminutivo para a Cascatinha que, à primeira vista, parece tão grandiosa.
Desde cedo a Cascatinha do Taunay despertou interesse nos viajantes em particular e nos artistas em geral, tendo sido pintada, desenhada, fotografada e cantada em prosa e verso sob quase todos os prismas possíveis.
Entre seus imortalizadores estão Rugendas, Arago, de La Touanne, Taunay e Marc Ferrez. Em 1872, no seu livro Sonhos d'ouro, José de Alencar fez, em forma de romance, uma ode ao lugar:

"Ha cascatas muito mais ricas e abundantes do que essa, não só na grande massa das águas como na vastidão e aspereza dos penhascos. Têm, sem dúvida, aspecto mais soberbo e majestoso, inspiram n'alma pensamentos mais graves e sublimes. A Cascatinha da Tijuca, porem, prima pela graça; não é esplêndida, é mimosa; em vez de pompa selvagem respira uma certa gentileza de moça elegante; bem se vê que não é filha do deserto; está a duas horas da Corte, recebe freqüentemente diplomatas, estrangeiros ilustres e a melhor sociedade do Rio de janeiro".

Hoje, já não é possível ver a Cascatinha em meio a tanta poesia. O lugar que antes de Alencar já tinha sido descrito por Rugendas como "agradável residência onde moram dois de seus filhos (de Taunay) numa solidão e sossego dignos de inveja, gozando da abundância de maravilhas de que a natureza foi pródiga aí" , agora abunda é de turistas com seus microônibus e câmaras fotográficas.

Fonte: Trilhas do Rio, Pedro Cunha e Meneses, 1996.


A mais alta e conhecida cascata do Parque é produzida pela queda das águas do Rio Tijuca, antigamente chamado Maracanã-Cachoeira.
Localiza-se a 550 m. da estrada do Portão da Floresta - obra em ferro fundido e alvenaria construída por Vladimir Alves da Souza, em 1943, na administração castro Maya.

A história do local caminha de mãos dadas com boa parte da história do Parque.
O Visconde de Asseca, proprietário da antiga Sesmaria de Salvador Corréia de Sá, era dono de vastas terras na região.

Em 1810, o Conde Gestas comprou uma parte dessas terras onde estava incluída toda a área da Cascatinha, melhorou caminhos abertos anteriormente e, sete anos depois, em 1817, vendeu-as a Nicolas Antoine Taunay.

A princípio, Taunay construiu uma pequena casa de pau-a-pique junto à Cascatinha, edificando, posteriormente, uma bela residência ladeada por uma pequena casa, em área hoje ocupada pelo estacionamento.
Taunay imortalizou a Cascatinha em seus quadros e se tornou o grande anfitrião da floresta, recebendo membros da corte que passaram a adquirir terras vizinhas.

Da casa de Taunay, hoje, já nada mais resta.
Uma edificação de três andares foi construída, sendo atualmente ocupada por um restaurante. Essa construção recebeu de castro Maya uma remodelação que lhe deu cunho colonial. A atual administração do Parque tem planos de instalar um espaço cultural nessa edificação, dotada de salas de exposição, ateliê para aulas práticas e teóricas voltadas para o meio ambiente, concha acústica e área destinada a representações teatrais e de dança, entre outros eventos culturais.

Fonte dos Taunay: Banheira de mármore de Carrara lavrada com motivos florais e efígie de um sátiro (introduzida provavelmente por Glaziou), tendo, ao fundo, painel de azulejaria portuguesa, transpondo mapa onde estão vinhetados as principais estradas e recantos da floresta. Obra inserida por castro Maya em 1944.
Dois bancos de alvenaria: Peças com assento e espaldar recobertos por azulejos portugueses, construídas na administração Castro Maya em 1944.
Estrela de quatro faces: Peça de estilo neoclássico, de estuque e azulejaria contendo textos e desenhos, confeccionada em 1928, no governo Washington Luis, em homenagem a Taunay.
Fonte tipo Stella: Bica de ferro fundido e bronze, na fonte de azulejo, localizada na escadaria junto ao restaurante.
Ponte Job de Alcântara: Em frente à Cascatinha, situa-se uma bela ponte de pedras, em formato de arco romano, construída por Job de Alcântara, em 1860, e que veio a substituir outra ponte de pedras, da época do Conde Gestas. Foi remodelada na gestão castro Maya.

Fonte: Lazer e Cultura na Floresta da Tijuca, Ana Cristina P. Vieira, 2001.



Nas linguagens dos índios, Tijuca significa terreno argiloso e lamacento, e ao pé de suas montanhas e nas suas alturas não tardaram os primeiros colonizadores a estabelecer-se com suas lavouras ou seus engenhos de açúcar, como foi o caso do Governador Salvador Correia de Sá ainda no Quinhentismo.
Graças a ele os descendentes de Mem de Sá criaram nela um vasto Morgado, que se estenderia até Jacarepaguá. Desmembradas as terras e mais as dos jesuítas, toda a zona tijucana se encheu de chácaras, na maioria ao longo da hoje rua Conde de Bonfim, em várias de cujas velhas casas ainda restam vestígios do tempo em que nelas, nos fundos, os escravos cuidavam de indústrias domésticas para a manutenção dos seus senhores...

Quando o pintor Taunay da missão de artistas franceses, mandada buscar por D. João VI para a fundação da nossa primeira Academia de Belas Artes, ergueu num dos seus pontos mais pitorescos (o Alto da Boa Vista) uma cabana de pau-a-pique, fixando-se nela assim como seu primeiro morador, por certo que não imaginou então, nesses antanhos, que desse jeito estava dando ao Rio de janeiro o primeiro dos seus mirantes, ou dos seus belvederes, como se dizia outrora, não só pela beleza de sua paisagem, como também porque nas suas redondezas, a dois passos de distância, havia uma pequena cascata para torná-la mais sedutora ainda; a depois chamada Cascatinha do Taunay, a 383 metros do nível do mar.


Sim, porque depois dele (de volta à França em 1821) o substituiria ali o seu filho Félix, pintor também, preceptor de D. Pedro II, diretor da Academia que seu pai ajudara a formar, e futuro Barão de Taunay - e cuja irmã, Gabriela (com seu nome ali numa fonte e numa cascata), se casaria com o Barão de Escragnolle, filho do Conde de Escragnolle, general das armas de D. João VI, e ambos (o irmão de Gabriela e o marido dela) do parentesco do Almirante Teodoro Beaurepaire, que da Marinha de D. Pedro I participaria a servir como tenente às ordens do Almirante Cochrane, em 1823, contra os portugueses na Bahia e em 1824, contra os rebeldes pernambucanos da Confederação do Equador.

Os dois barões e concunhados (Taunay e Escragnolle) ficariam a dever os cariocas, logo depois, a valorização do Alto da Boa Vista e suas vizinhanças como atração turística (para ser usada à linguagem de hoje), mesmo porque para eles esse hábito de se sair de casa para ver a natureza ou desfrutá-la se chamava ainda excursionismo.

Na Cascatinha, Taunay e o engenheiro Joel de Alcântara construíram uma ponte de pedra, e melhorariam a velha estrada, a estrada das cangalhas, terra, que da a atual rua Conde de Bonfim levava ao Alto (uma estrada onde D. Pedro I descobrira uma fonte de águas férreas e a Imperatriz Leopoldina fazia suas pesquisas de botânica). Muitos hotéis instalaram-se na região, o Febo, entre outros.


Fonte : História das Ruas do Rio, Brasil Gerson, 1963

Conde Aymar Narie Jacques Gestas (Pedra do Conde).

Chegado ao Rio em 1810, esse nobre francês logo comprou do Visconde de Asseca a propriedade localizada imediatamente acima da Cascatinha, e lateral a um morro então conhecido por Pedra Redonda.
Na sua nova propriedade, que batizou de Fazenda Boa Vista, Gestas plantou café, cana-de-açúcar, maçãs, pêras, uvas -das quais produzia un vinho de mesa -, e morangos.
Com estes últimos o Conde fez fama, servindo-os com creme ao Imperador D. Pedro I, que teria ficado maravilhado com seu delicioso gosto.
O creme era produzido, juntamente com manteiga, do leite de um pequeno rebanho de vacas especialmente importadas da França. O Conde transformou os produtos em grande fortuna.
Pedro I afeiçoou-se à Gestas, aceitando ser padrinho de seu filho, batizado com o mesmo nome do Imperador.
Gestas foi Consul-Geral da França no Rio de Janeiro e morreu em 1835 afogado na Baia de Guanabara.

Fonte: Trilhas do Rio, Pedro de Cunha e Meneses, 1996





Quando os exércitos da coligação contra Napoleão Bonaparte após Waterloo, penetravam em Paris, em 1815, Nicolas Antoine Taunay que sofria os reveses da política, pediu proteção ao príncipe D.João no Brasil, apresentando-se como artista e a quem se descreveu como um velho pintor (60 anos e cabelos brancos), julgando não existir perigo em seu possível emprego - como preceptor das princesas- ou em sua antiga filiação política.


Taunay não veio sozinho ao Brasil (e tudo indica que pagou a viagem do próprio bolso).
Acabou acompanhado de missão majoritariamente composta de artistas associados ao império de Napoleão, formada por pintores, escultores, gravadores e arquitetos.

Aqui foi um dos fixadores da paisagem urbana durante os cinco anos em que viveu no Rio de janeiro. Muitas paisagens do período brasileiro e os pequenos retratos de sua família mostram certas características pré-românticas.
Em 1821 retornou à França, deixando aqui seu filho, Félix Emile.

A coleção Taunay consta de 27 quadros e um desenho, e é a maior coleção de um só estrangeiro no Museu Nacional de Belas Artes (www.mnva.gov.br), na sua maioria adquiridos de herdeiros do artista ou de particulares, existindo também algumas doações.

Fonte: Revista Nossa História nº 4, fevereiro 2004.


"Quadro de exilado político combina o estilo das glórias napoleônicas com a imensidão da natureza nacional nos trópicos".
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CURIOSIDADES:
"CASCATA GRANDE".
SE A FLORESTA TEM UMA "CASCATINHA"...
EXISTE UMA CASCATA GRANDE???

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impressionantes fotos
desta cascata !



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